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Revista Sciences Humaines, Março de 2010

Que valor têm as perícias psicológicas?

Os peritos, psicólogos e psiquiatras, ajudam ou complicam a justiça?
Qual é a parte de responsabilidade dos peritos?

Análise rápida de OUTREAU

Em Fevereiro de 2001, com base em denúncias de 3 crianças de uma mesma família, os seus pais são detidos, e a mulher confessa rapidamente. Em seguida, 17 adultos são detidos.

Uma perícia psicológica e psiquiátrica de todas as crianças acusadoras e de todos os adultos acusados é pedida desde 2001, seguindo-se novas perícias em 2002. Em 2004, antes e durante o julgamento do processo, o Ministério Público pediu novas perícias. Todas estas perícias não impediram um fiasco judicial.

No caso de Outreau os peritos tinham de tratar de um ponto capital: que confiança se podia ter nos depoimentos das crianças, e dos adultos acusadores?
São todos credíveis, segundo os peritos

Sobre os adultos acusados, colocou-se uma questão parecida aos peritos psiquiatras e psicólogosapresentam indícios de carácter ou personalidade de «abusadores sexuais»?
As respostas diferem então: os psiquiatras dizem não, para todos os acusados,  quando os psicólogos dizem sim para todos menos quatro.  

A mãe (ajudada pelo pai), em 2004, reconheceu ter acusado injustamente 13 dos 17 arguidos.  Por fim, 7 arguidos são absolvidos e 10 são condenados .Seis deles recorreram para Paris e foram absolvidos, e 2 crianças desmentiram as acusações que fizeram. 13 pessoas foram, portanto, acusadas injustamente.

Pessoas foram mantidas sob prisão, com base apenas nas conclusões dos peritos, que declararam que [as acusações] eram "credíveis" ou mesmo "inteiramente credíveis"!

Prudência ou reserva de peritos que pensam ter tido muito pouco tempo para os seus exames? Em mais de 1000 perícias, "nenhum perito fez referência à utilização de um instrumento cientificamente validado para estabelecer um diagnóstico."