Francisco Guerra > Francisco Guerra na TV - Os Contactos com Silvino

 

Estive a ler as horas e horas de declarações de Carlos Silvino durante o Julgamento e os seus depoimentos à PJ e ao MP.

Tive muitas vezes a sensação de estar a ler uma peça de "Teatro do Absurdo". Um dia, os leitores terão acesso ao seu depoimento total e perceberão que, ao contrário do que diz o Acórdão, Carlos Silvino não corrobora nada. E aqui, nem sei que tipo de ressonância encontramos. É que ultrapassa a mentira para cair no universo do verdadeiro absurdo.

Mas também há factos concretos:

 

Em primeiro lugar repito que não conhecia o Carlos Silvino de parte nenhuma. Francisco Guerra afirma que todos se conheciam de longa data, inventando inclusive, almoços num restaurante da Ajuda, o "Dois e Dois".

Vejamos o que diz Silvino quanto a contactos comigo:

Dia 3 de Fevereiro de 2003, no rescaldo da minha prisão, o advogado Dória Vilar leu uma declaração de Carlos Silvino à comunicação social. Essa comunicação foi escrita e assinada  por Carlos Sivino:

 

 

Carlos Silvino, ouvido no dia 4 de Junho de 2003 esclarece a Policia Judiciária:

 

Havia uma história inventada sobre uma oficina em Algés. Por quem? Francisco Guerra, num dos seus depoimentos, relata:

 

Os funcionários desta oficina foram tal como os funcionários do restaurante "Dois e Dois" chamados pela minha defesa para esclarecer o Tribunal.

Tal como os funcionários do restaurante "Dois e Dois" - veja peça Francisco Guerra sobre Ameaças  (nº 62): negam peremptoriamente alguma vez me ter visto na oficina em questão.

No próprio dia em que Carlos Silvino nega alguma vez me ter visto ou contactado comigo, no dia 4 de Junho de 2003, a TVI noticiava, pela voz de Manuela Moura Guedes, que Bibi tinha dito à PJ que me conhecia há mais de 20 anos.

O Correio da Manhã faz dessa notícia manchete no dia 5.

 

 

Mas a grande questão é: quem é que disse à TVI e/ou ao Correio da Manhã que Carlos Silvino tinha afirmado que me conhecia há mais de 20 anos? A quem interessava manter a opinião pública sob pressão? Ou estava combinado dizer e esqueceram-se de avisar que afinal ele não tinha dito nada?

Pensando bem... as peças encaixam todas menos na cabeça dos portugueses que não tinham (e ainda hoje não têm) informação séria e documentada. Foi uma intoxicação permanente que inquinou definitivamente este Processo. Também por isso existe este site.

Nesta altura encontrava-me preso sem ter acesso a nenhuma peça processual, sem saber quem, onde, o quê, como, em grande medida ainda hoje continuo sem ter estas respostas, mas na altura além de não saber rigorosamente nada, estava simultaneamente proibido pela Ministra da Justiça de dar entrevistas e de me poder defender publicamente e impedido pelo Juiz Rui Teixeira de ser confrontado com as acusações que me eram imputadas e de exercer o direito da minha defesa.

Neste contexto e porque precisava de respostas consegui fazer chegar um bilhete a Carlos Silvino através de um faxina que lhe levava as refeições. Fiz mal? Fiz bem? Ao receber as respostas achei que fiz bem. Depois de ver a exploração e o significado retorcido  que foram atribuídos a essa acção pela comunicação social, acho que fiz mal. De qualquer modo, que fique bem claro que os bilhetes foram entregues por mim ao Dr. Rui Teixeira como mais uma  prova da minha inocência. Não me foram pedidos.

  

Aqui estão os bilhetes, com as datas assinaladas, que juntei ao Processo.

Bilhete nº 1 (20.06.03)

 

Resposta de Carlos Silvino:

 

Bilhete nº 2, com resposta na mesma folha (03.07.03)

 

Verso da folha:

 

Por causa destes bilhetes fui transferido para o EPL onde, pela primeira vez na minha vida vi pessoalmente: o Dr. Hugo Marçal e o Dr. Paulo Pedroso. Na EPPJ tinha conhecido o Dr. Ferreira Dinis e o Dr. Manuel Abrantes. Quanto ao embaixador Jorge Rito, porque acredito na sua versão de que me terá sido apresentado em 1975 em Nova Iorque não direi que o vi pela primeira vez mas quando o encontrei no EPL a sua cara não me disse nada.

O que é o Correio da Manhã escreveu a propósito destes bilhetes? Fez uma caixa, num artigo publicado em 13 de Julho de 2003 (já eu estava no EPL). Era preciso manter a pressão sobre a opinião pública e publica uma completa falsidade (entre muitas ao longo deste processo). Leu os bilhetes? Leia o Correio da Manhã:

 

Quem deu esta informação ao CM? Ou foi invenção do jornalista?

 

A 7 de Julho de 2003, Silvino cita vários nomes e nunca fala em mim.

Carlos Silvino só passa a afirmar conhecer-me quando a sua defesa passa para as mãos do Dr. José Maria Martins e só em 26-08-2003, 304 dias depois de estar preso e 207 dias depois de eu estar preso. Diz nessa altura, que me terá visto em Elvas junto às viaturas estacionadas no descampado - veja os vídeos sobre o estacionamento.

Em Tribunal apresenta duas versões de quando me conheceu:

  

21.12.04 (em Tribunal)

Silvino: Voltei sim sr. Foi a 1ª vez que vi o senhor cara a cara quando me entregou o envelope. E voltei mais uma vez lá mas não subi, fiquei no carro com o Francisco Guerra enquanto os outros iam lá para cima para as filmagens com sexo à mistura como eles diziam.  

Juíza: Consegue situar estas idas à Av. das Forças Armadas no tempo?  

Silvino: Foi agora, penso eu, as datas não me lembro, penso eu na altura de 99, 2000.  

(...)

Juíza: Lembra-se quando foi essa situação em que foi apresentado o Carlos Cruz?  

Silvino: Não me lembro. Foi em 1982/83 mais ou menos  

Juíza: Depois de lhe ter sido apresentado Teve mais algum contacto com ele?  

Silvino: Nunca tive contacto com ele mas tenho a dizer que vi-o em Elvas

 

Carlos Silvino nunca me foi apresentado. Terá dito que isso aconteceu um dia em que eu estava nos "Pastéis de Belém" com o Vítor de Sousa. Vítor de Sousa obviamente desmentiu veementemente em pleno Tribunal tal fantasia: nunca esteve comigo nos "Pastéis de Belém"