Processual > A 'Ressonância do Acórdão'

Uma das coisa que mais me impressiona no Acórdão é não encontrar nenhuma argumento probatório para me condenar. NÃO HÁ NENHUMA PROVA! Até podiam inventar e então eu teria o trabalho de investigar e desmontar a injustiça. Mas quando uma Juíza ou um colectivo argumenta, em cima de depoimentos reconhecidos como contraditórios e incoerentes que existe neles "ressonância de verdade" ou "ressonância afectiva" ou "ressonância emocional" fico aterrorizado com aquilo que pode acontecer em Portugal em qualquer sentença. Basta um juiz afirmar que encontra "ressonância" para que isso seja argumento para condenar um inocente.

Ou haverá uma "ressonância" do interior da "casa das bolachas"?

Que formação científica ou capacidade reconhecida por uma autoridade do foro psiquiátrico ou psicológico tem um Juiz para encontrar "ressonância"? É um eco do Além? É uma inspiração Divina? É um dom que ultrapassa a vida terrena e que um juiz recolhe nos episódios de TV género "Vida para Além da Morte"?

Digam-me por favor: como se encontra ressonância para condenar um inocente?

Não encontrei resposta em toda a literatura que consultei e foi muita. Mas admiti que não fosse suficiente.

Por isso, por uma questão de segurança para sustentar a verdade, consultei um dos mais eminentes psiquiatras portugueses com obra científica publicada em Portugal e no estrangeiro.  Eu ainda admitia absolver a ignorância judicial. Mas a resposta veio rápida,  directa e esclarecedora. Aqui fica:

"Claro que não existe nenhuma ciência à volta da "ressonância da verdade" ou da relação entre a ressonância emocional e a questão da verdade. (Pelo contrário, quanto maior a emoção, maior o engano.) Isso podem ser versões delicodoces de alguma poesia feita por psicólogos incompetentes e completamente fora dos circuitos científicos."

Fiquei esclarecido: afinal, o argumento para me condenar é uma falácia criada por 1, 2 ou 3 juízes que na ânsia de condenar, e não tendo qualquer prova, agarraram-se a um termo que devem terem encontrado no Google. Porque nem citam nenhuma autoridade para legitimar  o seu encontro da  "Ressonância da Verdade". Foi uma revelação ou uma aparição de alguma Entidade superior? Mas  fica bem: dá ao Juiz uma imagem de erudição que julga protegida pela irresponsabilidade da classe.

Deixem-me então, apenas com o senso comum, afirmar com a  convicção do mesmo Google, que este Acórdão cai pela base pela simples razão de que encontro nele, com algum conhecimento científico e com o parecer que acima reproduzo, uma enorme "ressonância da mentira", uma "ressonância do preconceitos" ou uma  "ressonância da ignorância" ou uma "ressonância da má fé" ou uma "ressonância de uma condenação planeada".