O FG mostrou ter compreendido o sentido e o alcance da intervenção pericial, afirmando, de forma determinada, ser "um dos que mais têm colaborado com a Polícia Judiciária para que se faça justiça" (sic).

FG a 25 de Março de 2003

FG é o chamado "braço direito de Bibi". Ele e os seus amigos JPL e LM (colegas de Lar e de quarto - o Juiz Rui Teixeira escreveu que as vítimas não se conheciam umas às outras!) constituem o "núcleo central" deste Processo e foi com base nos seus depoimentos que fui colocado em prisão preventiva.

Data de Nascimento: 27 de Outubro de 1985 (24 anos)

Data de Admissão na CPL: Maio de 1998 (12 anos)

Dr. Pedro Strecht - É o Dr. Pedro Strecht que recomenda ao então Provedor da Casa Pia que FG ingresse no Colégio de Pina Manique em Abril de 1998.

Durante o ano lectivo de 1998/99 FG teve pelo menos 12 consultas com o Dr. Pedro Strecht. Continuou a ser seguido regularmente pelo Dr. Pedro Strecht. Este médico nunca denunciou às autoridades os abusos de que FG teria sido vítima.


Deve clicar em cada tema para saber mais.

1. Contradições e Mentiras

No meu livro "Preso 347" (Oficina do Livro- Outubro 2004) relatei algumas das mais de seis dezenas de contradições e mentiras, detectáveis a olho nu, que encontrei nos seus depoimentos em inquérito e em instrução, e com as quais nunca foi, inexplicavelmente, confrontado pelos inspectores. Reproduzo aqui algumas. E a estas ainda deverão ser adicionadas as que resultam do seu depoimento em Tribunal que também serão brevemente publicado neste site.


1- FG telefonou a uma amiga para dizer que estava satisfeito por eu ter sido preso. E ela disse à PJ que o FG lhe falou em ameaças "feitas para o telemóvel que o Carlos Silvino lhe dera. Não se lembra do número completo mas começava por 91233..." Que telefone é este? O meu era confidencial, a sua identificação não apareceria no ecrã do destinatário. Mas se a referência é ao seu próprio número, porque é que o Juiz Rui Teixeira não prorrogou em 24 de Março de 2003 as escutas de chamadas feitas ou recebidas por esta "testemunha principal"? (fls 2796 e 2942) E porque é que não estão no processo as chamadas feitas e/ou recebidas no telemóvel de FG em 1999, 2000 e 2001? Porque não se investigou assim a identidade dos verdadeiros contactos de FG nos anos dos "crimes"?
Mais: FG, na primeira vez que citou o meu número fê-lo de forma errada. Emendou-o só depois de eu ser preso e de eu ter dado o número correcto ao Juiz Rui Teixeira.

2 -FG, só refere ter tido contactos sexuais comigo no 4º interrogatório. Foi ouvido 17 vezes, contrariando tudo o que é recomendado pela ciência e pelas técnicas de investigação deste tipo de crimes.
O depoimento é do Dr. Strecht, de 4 de Julho 2003: "afirma que FG, lhe disse que eu (e outro arguido) lhe telefonávamos depois da consulta. Até essa data, a testemunha nunca referiu esse facto à PJ ou ao MºPº.[3]
A testemunha disse, a sós, à Procuradora Paula Soares,: "O depoente tem muito medo do que lhe possa acontecer, até porque o Carlos Cruz e [outro arguido] chegaram a controlar as idas do depoente ao Dr. Pedro Strecht, chegando a telefonar-lhe[4] a ameaçá-lo de que não lhe deveria contar nada, e a saber o que lhe contara". Esta afirmação é feita quando FG é ouvido pela 12ª vez, desde Dezembro de 2002! No dia 30 de Julho. Quer dizer: depois do Dr. Strecht o ter afirmado. Na Instrução declarou à Juíza que nunca recebeu qualquer telefonema ameaçador!

3- Sobre a irmã (ou meia irmã) de Carlos Silvino FG afirma em 6 de Janeiro de 2003 fls 320):
"Refere que conhece uma tal Isabel Raposo que será namorada ou foi namorada de Silvino. Sabe porque o próprio Silvino lho disse. Viu-os beijarem-se na boca. Diz que ela passava cá pouco tempo, regressando depois à Holanda, onde pensa que ela habita. (...) Sabe também que é esta Isabel Raposo que está a pagar ao advogado de Silvino, pois ela "tem muito papel", mas desconhece quais as actividades dela na Holanda.".

4- Afirma que entrou para a Casa Pia em 1991 com 6 anos e afinal entrou em 1998 com doze;

5- Confessa que tem um diário no armário do Lar com nomes e datas concretas mas esse diário não apareceu apesar das buscas feitas;

6- Diz que me viu numa oficina de pneus em Algés, que não sei onde é e onde nunca estive; que o Carlos Silvino me deu uma tareia(!) num Restaurante que eu não conheço e onde nunca entrei (os donos e o pessoal dos dois locais confirmaram que nunca me viram lá);

7- Diz que nunca recebeu dinheiro para depois dizer que Silvino o dividia com ele, além de referir outras pessoas que lhe pagaram;

8- Refere que começou a relacionar-se com Carlos Silvino aos 10 ou 11 anos, mas com essa idade estava no Lar Evangélico Português em Ermesinde;

9- Diz que almoçou comigo em três datas que apontou na agenda mas essa agenda que está na posse do Tribunal, não tem o meu nome nem número de telefone em lado nenhum, além de que, nessas datas, provei que era impossível;

10- Diz que muitos rapazes se envolveram comigo mas só se lembra do JPL (diz que ajudava à distribuição durante anos e só se lembra de um nome?); mas depois afirma que levava o LM à Av. das Forças Armadas;

11- Confirma sempre o depoimento anterior mas contradi-lo a seguir em inúmeros pontos em depoimentos posteriores;

12- Ora diz que foi muitas as vezes a Elvas ora conta que apenas lá esteve 3 ou 4 vezes e "por acaso";

13- Diz que começou no "esquema" aos 15/16 anos e depois diz que quis sair dele aos 15/16 anos (!);

14- Diz que o chamei por telefone à Av das F. Armadas (que identifica como um "estúdio habitado" com espelhos e holofotes (!) , que foi e se recusou veementemente a aceder ao meu pedido de actos sexuais, ameaçando-me com uma queixa à polícia; mas, passados dois dias, tê-lo-ei chamado outra vez pelo telefone, ele decidiu ir calmamente e então já deixou;

15- Afirma que eu estava sozinho e depois afirma que, no mesmo dia e à mesma hora, estavam lá vários amigos meus a jantar[5];

16- Inventa ter-me visto em Hotéis em Portimão onde nunca entrei;

17- Coloca-me um sinal no pénis (que não tenho) , que afinal afirmou que já tinha sido do Dr. Paulo Pedroso;

18- Diz que viu fotografias minhas (mas porque é que as fotografias não aparecem?) e inventa um nome de um advogado a quem as teria entregado. Justifica-se dizendo que mentiu porque queria chegar às fotos antes da polícia (!);

19- Inventa um senhor que falsificava B.I.'s e Passaportes, levou lá a PJ e afinal não se viu nada nem tão pouco o "falsificador";

20- Afirma que me viu num jantar no refeitório de Pina Manique com os Provedores e um padre e que até havia um fotógrafo que tirou muitas imagens. A Drª Catalina Pestana bem as procurou nos Arquivos da Provedoria só que eu nunca jantei, nem almocei, nem tomei o pequeno almoço, nem lanchei, nem tomei um cafezinho na CPL;

21- Revela que os rapazes eram distribuídos por duas casas em Elvas (e qual era a outra? De quem? Porque é que a PJ não investigou?);

22- Identifica o carro em que ia à Av. das Forças Armadas como um Peugeot preto da casa Pia à hora de almoço (em julgamento diz que era a Renault Traffic, ao fim da tarde), enquanto o LM, que ele diz ir lá levar com Carlos Silvino, diz que era o Fiat 127 do Silvino (que a acusação diz ser branco) e depois de jantar; e JPL afirma que era na carrinha Vitto; Carlos Silvino diz que era ao Sábado e Domingo às 8:30 e 9:30 da manhã;

23- Na identificação do apartamento "recordou que se tratava de uma porta diferente das outras, naquele piso, em madeira, com um, digo, puxador saliente, na parte central e de forma redonda" e a verdade é que a porta só é diferente depois de Outubro de 2001, devido a obras que o inquilino do lado fez, com mudança de porta; a acusação refere-se ao período de Dezembro de 1999 a Fevereiro de 2000;

24- Foi ao local com a PJ indicar a porta por onde entravam no prédio e identifica-a como "a porta das traseiras (...) porta de ferro, pintada de cor verde escura" (a foto está nos autos e aqui no site) e afinal essa porta esteve fechada a cadeado durante os anos de 1999 e 2000;

25- diz que ganhou muito dinheiro como angariador[6] de rapazes, mas no INML afirma que nunca foi angariador;

26- afirma a uma amiga, que o revela nos autos, que eu até tinha tido, há 20 anos, uma loja em Campo de Ourique onde se vendiam coisas de criança, coisa que nunca aconteceu em toda a minha vida, nunca tive loja nenhuma (a PJ não investigou);
As mentiras, as contradições aqui expostas, são apenas parte do que está contido nos autos.
Finalmente afirma à Juíza de Instrução, que dita para o auto: "No passado, o declarante foi um mentiroso e sabe que mentiu muito. Mas está consciente que agora já não é assim".

[3] - Recorde-se que uma testemunha afirmou que foi o Dr. Strecht quem lhe disse que a casa dos R's "de manhã funcionava assim como um lar de idosos e à tarde era para essas coisas..." Não sei se foi na época em que a imprensa noticiou que aquele médico estava a treinar as crianças para os depoimentos para memória futura.

[4] - Ninguém lhe pergunta como é que eu sabia quando é que ele ia à consulta. Era ele que me avisava? Para ser ameaçado? É masoquista? Ninguém consegue apresentar uma única prova de que alguma vez, na vida, eu tivesse telefonado ao rapazinho.

[5] - Recorde-se que se trata do tal apartamento da senhora enfermeira que morreu e a quem o MºPº acabou por não acusar de nada. FG até me põe a jantar em casa da senhora, que nunca me viu, com amigos meus!

[6] - O acórdão do Tribunal da Relação que mandou libertar o Dr. Paulo Pedroso é bem claro quando afirma que FG devia ter sido constituído arguido e não testemunha, por ter confessado, nos seus depoimentos, a co-autoria de lenocínio de menores, crime público, um crime de tráfico de menores, crime público e um crime de falsificação de documentos autênticos, crime público. Assim como rejeita a "abonação" prestada pela Drª Catalina Pestana.

2. Relações com outros assistentes

Relembro que o Dr. Juiz Rui Teixeira afirmou que os assistentes não se conheciam.

JPL é colega de lar, de quarto e de turma de FG no ano lectivo 99/00.

LM também é colega de Lar e de quarto de FG em 1999/2000.

IM vai a Hannover com FG e mais 6 colegas durante 8 dias em Setembro de 2000.

PP e LD são colegas de lar de FG em 2002. PP é colega de quarto de FG nesse ano.

3. Telefonemas

No seu segundo depoimento à PJ, a 16 de Janeiro de 2003 pelas 10:15 h (15 dias antes de eu ser preso), FG afirma que falava ao telefone comigo e fornece um número telefone errado! Nesse mesmo dia às 11:46h, encontramos uma chamada do seu telemóvel para esse mesmo número (errado) com BTS (localização da antena activada pelo telemóvel) na Rua Gomes Freire rua onde se situa a PJ

No seu 12º depoimento à PJ, a 28 de Julho de 2003 (178 dias depois de eu ser preso) emenda e dá o meu numero telefone correcto.

Dia 17 de Janeiro de 2003 (14 dias antes de eu ser preso) o Inspector Dias André requer a intercepção e o Trace-Back (antenas) às chamadas de FG. FG fica sob escuta de dia 20 de Janeiro (11 dias antes de eu ser preso) até dia 24 de Fevereiro (23 dias após eu ter sido preso).

Embora dia 31 de Janeiro de 2003 (dia em que fui preso) se possa ler no processo que "junto anexamos listagem de chamadas" de FG, a verdade é que só encontramos listas de chamadas de FG de Setembro de 2002 a Fevereiro de 2003. Onde estão as de 1999, 2000 e 2001?

Felizmente consegui as minhas listagens de telefone desde 1998 até 2002, que juntei ao Processo, e não se encontra nenhuma chamada (efectuada ou recebida) para nenhum dos números de FG (nem de nenhum colega seu, nem do Carlos Silvino, nem de nenhum outro co-arguido). 

4. Colegas que afirmou pertencerem ao "esquema"

Antes de eu ser preso, FG em 3 depoimentos, fala de 28 colegas que teriam participado nestes "esquemas".  Dos 28 colegas mencionados:

  • 3 nunca foram ouvidos.
  • 9 só foram ouvidos após a minha prisão.
  • 11 dos que foram ouvidos antes da minha prisão negam peremptoriamente o envolvimento em qualquer tipo de "esquemas".
  • 3 dos que foram ouvidos antes da minha prisão dizem ter sido vitimas internas de Carlos Silvino.

Os restantes 2, são JPL e LM que juntamente com FG perfazem os 3 testemunhos que existiam à altura da minha prisão.

5. Falou em Carlos Cruz pela primeira vez

Logo no seu primeiro depoimento à PJ no dia 16 de Dezembro de 2002 (46 dias antes de eu ser preso e 18 dias após as minhas entrevistas às Televisões).

6. Situação anterior ao internamento na CPL
  • Residia com os pais (ambos alcoólicos) e com o irmão mais novo.
  • Por receber maus tratos dos pais, uma tia materna denunciou a situação ao Tribunal de Menores que retirou os menores da casa paterna.
  • FG foi confiado à tia - por falta de condições habitacionais a tia internou o menor num Colégio no Norte onde esteve 3 anos - desde Novembro de 1994 até apresentar queixas de abuso por parte de alunos mais velhos.
  • O Tribunal pede o seu internamento na CPL.

O Processo de Inquérito dos alegados abusos que FG se queixou no Colégio do Norte é enviado ao Procurador João Guerra no dia 12 de Março de 2003 (40 dias depois de eu ser preso).

7. Três perceptoras no Inquérito do Colégio Envagélico (Depoimentos)
  • "Já conhecia o FG, antes de o mesmo ter ingressado no Lar (...) Mais disse que era uma criança alegre, amorosa, irrequieta, e também um pouco mentiroso.

    Mais disse não saber sobre os factos, achando no entanto, pelo que conhece de FG, que ele era bem capaz de ter arranjado toda esta "história", para poder regressar para junto da família, já que os irmãos estavam em Lisboa junto das tias."  

  • "Que quando o FG, veio para o Lar, trazia consigo uma história, de que se teria querido matar, pondo-se na linha de comboio, o que teria sido evitado por um senhor.Esta história, embora posteriormente por ele desmentida, era comovente, e originou da sua parte, um especial afecto pelo FG, que a levava a dele se aproximar (...)"

  • "Que FG era uma criança amorosa, viva, e imaginativa, por vezes até demais, já que por diversas vezes foi apanhado a dizer coisas que mais tarde se provou não serem verdadeiras."

A conclusão deste inquérito resulta na não confirmação dos factos denunciados e respectiva recomendação de arquivamento dos autos, pelo designado inspector, depois da análise documental, observação directa e inquirição de responsáveis e utentes.

8. O Processo Individual de FG, da Casa Pia de Lisboa

Só foi apensado ao processo no dia 29 de Agosto de 2003 (210 dias depois de eu ser preso). 

Neste Processo Individual constam dados biográficos de FG e uma série de referências à sua passagem na CPL dos seus educadores, perceptores e psicólogos:

Janeiro de 99
No lar é mesquinho, precisa de muita atenção e agora deu em mentir para salvar a pele dele e atingir o que deseja

Abril de 99

Passou as férias em casa das tias, metade em cada lado. Estas começam agora a aperceber-se que o miúdo é perigoso e intriguista, pois tenta sempre pô-las uma contra a outra e ambas contra o Lar. No Lar é mentiroso e complicado, no entanto quer sempre a atenção dos adultos

Setembro de 99

No Lar é manhoso e mentiroso. Conseguiu mais uma vez arranjar um imbróglio entre as tias, que agora quase não se falam (...) é mentiroso e maquiavélico com elas

Janeiro de 2000

Na escola tem más notas apesar de estar uma turma de curriculus alternativos é muitíssimo limitado. No Lar é por vezes mentiroso, se bem que neste período isso se fez sentir menos

Abril 2000

Passou as férias repartidas entre o Lar e a casa da tia Josefina. Não foi a Peniche porque só arranja intrigas entre a família, e a a tia não o quis lá, pois é muito mentiroso e metediço

Janeiro 2001

Aparentemente, o FG está mais maduro e com um tipo de discurso que quando conversa com as pessoas as leva a crer que o jovem teve uma mudança abismal, o que não corresponde à realidade. Na verdade, houve uma certa mudança no FG, mas com muitos altos e baixos mas continua a ser bastante «intriguista» e faz «coisas» que procura esconder para não estragar a imagem que quer dar de si. É um rapaz que vive camuflado.

Outubro de 2001

O FG não tem normas nem regras, é muito desmazelado, pouco higiénico e muito provocador e vitima.

Março de 2002

Ligamos para a escola profissional de mecânica e tivemos informação de que já não se vai realizar o curso de reparação automóvel. Depois da notícia, o FG mais uma vez demonstrou agressividade e insinuações de que nós é que somos os culpados de toda esta situação, que assim a vida dele nunca mais vai para frente.

Setembro 2002

Visto ter criado muitos problemas com os funcionários responsáveis pelo armazém da escola (onde trabalhava), FG foi retirado desse sector.

Outubro 2002

Encontrou-se uma ocupação ao FG na empresa de Transportes. A sua integração na empresa está a ser muito boa.

Dezembro de 2002

Instala-se a confusão em torno do FG. "Bibi".

09 de Janeiro de 2003

Relatório assinado por 5 educadores da equipa técnica educativa dirigido a Catalina Pestana:
"Este jovem, pelo conhecimento que fomos adquirindo da sua personalidade, possui traços que demonstram uma estabilidade emocional e afectiva, com características de conflitualidade, quer com adultos quer com pares, desafio da autoridade, mentira e fabulação." 

9. FG, o mais ouvido de todos pelas autoridades

 

Data

Diligência

Local

1

16-12-2002

Interrogatório

Gomes Freire

2

16-12-2002

Reconhecimento

Estoril, Oeiras, Lisboa

3

06-01-2003

Interrogatório

Gomes Freire

4

08-01-2003

Reconhecimento

Av. Forças Armadas, Transportes Urbanos (Vialonga), Belas Clube e Campo Rua D. Franscisco de Almeida (Lisboa), Elvas

5

27-01-2003

Declarações

Min. Trabalho - Praça de Londres - Sobre Manuel Abrantes

6

27-01-2003

Interrogatório

Gomes Freire

7

04-02-2003

Interrogatório

Gomes Freire

8

11-02-2003

Reconhecimento

Lisboa

9

11-02-2003

Interrogatório

Gomes Freire

10

12-02-2003

Interrogatório

Elvas

11

12-02-2003

Acareação

Elvas

12

12-02-2003

Reconhecimento

Elvas

13

11-03-2003

Interrogatório

Gomes Freire

14

25-03-2003

Perícia Física

IML

15

27-03-2003

Interrogatório

Lisboa - DIAP

16

13-05-2003

Reconhecimento

Buraca, Algés, Oeiras e Lourinhã

17

14-05-2003

Reconhecimento

Vila Viçosa

18

21-05-2003

Interrogatório

Gomes Freire

19

17-07-2003

Interrogatório

Lisboa - DIAP

20

28-07-2003

Interrogatório

Lisboa - DIAP

21

30-07-2003

Interrogatório

Lisboa - DIAP

22

01-08-2003

Perícia Psicológica

IML

23

07-08-2003

Interrogatório

Lisboa - DIAP

24

05-09-2003

Reconhecimento

Lisboa  

25

18-11-2003

Interrogatório

Gomes Freire

26

27-11-2003

Reconhecimento

Azeitão, Massamá, Oeiras, Belém, Ajuda, Lisboa

10. Colegas, educadores e psicólogos da CPL, em Inquérito, sobre FG

JAFS -colega
Data da diligência: 2003/01/13  (18 dias antes de eu ser preso)
Confessa a sua surpresa quando surgiu o alarido em relação à Casa Pia nos órgãos de comunicação social, porque nunca ouviu falar de semelhantes factos nem sequer sobre a forma de boato. Da mesma forma, assegura nunca ter sido vítima de qualquer abuso sexual por parte do Bibi ou outro.

FN- colega

Data da diligência: 2003/01/16 (15 dias antes de eu ser preso)
Relativamente a FG: "Ele tentou armar-se em esperto e eu impus-lhe respeito. Nunca acompanhou o FG a lado nenhum, nem aos fins-de-semana, nem em fugas pois nunca fugiu nem teve tais intenções - não faz ideia da razão porque o FG ou qualquer outra pessoa haveria de referir o seu nome relacionando-o com o Bibi. A verdade é que não tem nenhuma relação com qualquer deles.

VHSM- colega

Data da diligência: 2003/01/20 (11 dias antes de eu ser preso)
O ora depoente refere que, no Lar onde reside, os alunos que já vieram à Policia Judiciária, comentam que alguém disse coisas que não aconteceram, pelo menos com eles. Esses alunos são: o IM; o LM e o Fernando (?). Questionado, responde que eles suspeitam que possa ter sido o FG a falar neles.
Novamente questionado, responde que até compreende o "FG" porque o conhece bem, diz que conviveu com ele no Lar Alfredo Soares, durante quatro anos e afirma que o "FG" sempre foi mentiroso. Acrescenta que devido a esse seu feitio, teve alguns problemas no Colégio, com os educadores.

AM- colega

Data da diligência: 2003/01/21 (10 dias antes de eu ser preso)
Feita nova insistência até porque foi confrontado com o facto de ter sido indicado como sendo um dos rapazes envolvidos nos "esquemas pedófilos" do Carlos Silvino.  AM reitera que nunca teve nada a ver com isso e que se alguém o indicou está a mentir.

RRN- colega

Data da diligência: 2003/02/07 (6 dias depois de eu ser preso)
Ao inquirido foi ainda perguntado se conhece o FG, este respondeu que sim, que jogou futebol de onze com ele (ele era o guarda-redes da equipa). Acrescenta que tem uma opinião pouco favorável do FG porque ele sempre teve a mania que era mais que os outros. Diz que este nunca o aliciou para nenhum "esquema" e que pouco falou com ele, a não ser sobre o futebol.

Catalina Pestana- Provedora

Data: 2003/01/29 (2 dias antes de eu ser preso)
Afirma, na Comissão Parlamentar dos Assuntos Constitucionais, Liberdades e Garantias, que já não há pedofilia na Casa Pia, embora reconheça que ainda existem pedófilos - chega a afirmar que alguns rapazes mentem dado que recebem algumas notinhas e não são precisas muitas para dizerem nomes falsos. Em 2005 reconhece que estava também a pensar em FG.

TDGM -colega

Data da diligência: 2003/02/18 (17 dias depois de eu ser preso)
Diz que não se dava muito bem com o FG, nem com o JPL, ou o MP ou o LM, porque não gostava muito das "suas atitudes", porque "só faziam porcaria".

MP -ex aluno

Data da diligência: 2003/04/23 (72 dias depois de eu ser preso)
O depoente não conhece ninguém com o nome de FG e não sabe, por isso, quem possa ser tal pessoa.

Nota: MP entrou mais tarde nesta história como assistente dizendo-se  abusado juntamente com FG.

Pedro Luís De Assis Pacheco Strecht Ribeiro
- Pedopsiquiatra
Data da diligência: 2003/08/01 (181 dias depois de eu ser preso)
Viu também o PAPM. Este miúdo foi-lhe referido pelo FG como sendo um dos miúdos abusados pelo Ferro Rodrigues, tal como o seu irmão LCPM. São ambos de raça negra e o FG relatou ao depoente que esta era uma preferência do Ferro Rodrigues. No entanto o PAPM não relatou qualquer abuso. É um miúdo muito fechado, tenso e muito desconfiado. Apesar de nunca falar expressamente, também não o nega.

Maria Manuela Campos Marques
- Educadora
Data da diligência: 2003/10/01 (242 dias depois de eu ser preso)
A partir de meados de Outubro de 2002 passou então para o Lar Martins Correia, onde se mantém até hoje. Recorda-se perfeitamente que o FG ficou "completamente de rastos" (sic) com a detenção do Carlos Silvino, pois ele encarava-o como um ídolo. O Carlos Silvino "era aquilo que ele queria ser quando fosse mais velho" (sic).

Joaquim Augusto Lopes da Rocha
- Educador
Data da diligência: 2003/10/02 (243 dias depois de eu ser preso)
Quanto ao FG, o depoente refere que se tratava de um rapaz que levantava muitos problemas. Problemas esses que o depoente pensa serem decorrentes da identificação que aquele tinha com o Carlos Silvino.
Questionado sobre esse aspecto do FG, o depoente responde que o FG encontrava no Carlos Silvino um exemplo a seguir, tentando por isso replicar todos os comportamentos do Carlos Silvino. Esses comportamentos passavam pela forma de vestir, pois andava sempre de fato e gravata, tal como o Carlos Silvino, usando todas expressões que o Carlos Silvino usava (por exemplo, tratando as pessoas da mesma forma que o Carlos Silvino tratava) e adoptando uma atitude de metediço e fofoqueiro, nos assunto de adultos, também como o Carlos Silvino costumava fazer. O depoente acrescenta que o FG mostrava possuir uma obsessão em relação a tomar-se funcionário da CPL, ser motorista da Instituição e transportar crianças, isto é, seguir os passos que o Carlos Silvino tinha seguido.

A responsável do Centro TABOR
, para onde FG foi transferido após o escândalo rebentar, em carta dirigida ao Dr. Juiz Rui Teixeira
Data: 13 de Março de 2003 (41 dias depois de eu ser preso)
"Também não é possível dar uma ocupação concreta a um jovem que assegura repetidamente ter um projecto de vida - hipotético ou não - de vir a ser "motorista de um ministro" e "de ir adquirir a carta de condução sem ter de prestar provas". Desde a primeira hora que recusa desempenhar qualquer ocupação com continuidade

11. Exame à Personalidade

Data da diligência: 2003/08/29 (210 dias depois de eu ser preso)
FG: Neste "novo estatuto" foi à casa dos R's onde nunca entrou... a casas em Oeiras, Cascais, Estoril... não sei de quem eram... também para fora do país, França, Espanha, Alemanha... não sei muito bem como eram as coisas... ia buscar os passaportes falsos... ia com uma pessoa, um estrangeiro..."

Nota: E não há registo do Serviço de Estrangeiros e Fronteira? E tudo isto não é crime? Porque não foi acusado?

Alexandra Anciães
(Psicóloga do Instituto de Medicina Legal que realizou as primeiras perícias) à Juíza de Instrução a 31 de Março de 2004:
Quando falou com os rapazes, alguns deles referiram-lhe que já tinham falado com a comunicação social, designadamente o FG, o RO e o JPL.
(...) O FG, o JPL e o RO têm traços de personalidade limite (border line); neste tipo de personalidade, certos desequilíbrios são mais acentuados.
(...) O FG tem traços narcísicos e na procura da sua valorização pode incluir muitas vezes a ligação a figuras públicas;
(...) Uma personalidade com traços narcísicos pode referir ou nomear pessoas com um estatuto que na sua perspectiva sejam detentoras de algum poder.

Perfil Psicológico:
Alexandra Anciães identifica uma perturbação de personalidade border-line, com características também anti-sociais e narcísicas. Nivaldo Marins refere uma perturbação histriónica e admite em Tribunal que FG seria um mitómano.

12. Abusos relatados por FG não explorados pela investigação

Abusado pelo educador "L" (ouvido duas vezes em Inquérito mas nunca confrontado com as acusações) e no quadro de situações ligadas aos bairros da Boavista e do Zambujal. Em Tribunal FG recusou-se a falar desse educador mostrando sinais de extremo nervosismo.
13. Informações adicionais

Trabalhou numa empresa de transportes e mudanças, daí utilizar expressões na TV onde apareceu de máscara, do tipo "transbordo", ao dizer que passava as crianças "de uma carrinha para outra". Chega a acusar os seus patrões neste processo - nunca foram ouvidos ou sequer informados deste facto pelas autoridades.

Segundo juízes da Relação, os seus depoimentos "não têm qualquer valor, nem consistência, não podendo ser tomada em consideração a abonação feita por Catalina Pestana em relação a esta testemunha".