No período em que me acusam (último trimestre de 1999 e primeiro e último trimestres de 2000) a minha vida profissional decorria entre gravações ("Quem Quer Ser Milionário" e "Febre do Dinheiro"), a fase final da candidatura do Euro 2004, e na preparação de novos desafios de formatos para TV embora nessa altura pensasse já em fechar a CCA (minha empresa produtora de TV)  por falta de encomendas.

Os meus tempos livres eram passados em família, na altura a minha filha Mariana ainda não era nascida, mas estava numa nova fase da minha vida com a minha actual mulher, a Raquel. Durante esse período fazíamos o que dois namorados gostam de fazer: viajar, ir a exposições, ao teatro, ao cinema, a inaugurações, namorar, estar com amigos, etc. A maioria das minhas chamadas são para a minha mulher e dela para mim, a minha filha Marta, o meu enteado, a minha enteada e para os meus amigos; as restantes para tratar de coisas do dia-a-dia e de cariz profissional. Costumava frequentar os mesmos lugares, os mesmos restaurantes, o mesmo barbeiro, o mesmo ginásio, etc.

A documentação que forneci comprova-o. Trata-se de documentação oficial que retrata a minha vida. São as antenas activadas pelo meu telemóvel, são os Visas assinados pelo meu punho, as facturas, as Vias Verdes, os multibancos, os bilhetes de avião, cartas de entidades oficiais, etc. Infelizmente, coisas que os investigadores deste processo não verificaram. Fi-lo e para 5 anos (1998-2002) da minha vida já que só em Dezembro de 2003 é que conheci a acusação - quase 1 ano após estar preso.

Mas não fui só eu. Outros arguidos também conseguiram reconstituir grande parte das suas vidas. Elementos que, cruzados com os meus, demonstram imediatamente que não podíamos ter estado juntos.

Infelizmente, a investigação não "conseguiu" os registos de chamadas dos assistentes embora tenha conseguido reunir milhares de outros dados irrelevantes de milhares de outros cidadãos portugueses (desde o Procurador Geral até ao Presidente da República). Conseguimos, no entanto, os registos de chamadas para o período da Acusação e Pronúncia, de um dos 7 assistentes: JPL uma das principais testemunhas.

Mas conseguimos mais: conseguimos reconstituir os registos de presenças e faltas às aulas  da maioria dos assistentes, os livros de ocorrência dos lares onde viviam, os seus processos individuais da Casa Pia de Lisboa, os vários depoimentos que a própria investigação recolheu dos seus colegas, professores, educadores e até familiares.

Neste processo foram igualmente chamados, pela defesa, a depor, moradores e respectivas famílias, donos e funcionários de cafés e de negócios cujo local de trabalho era próximo a locais indicados pelos assistentes, porteiros, funcionários  de limpeza, amigos, colegas profissionais, familiares e mais... mais de 20 agentes da PSP da esquadra de Elvas. E nada, NADA, corresponde a nada do que a acusação afirma ter acontecido.

Consulte também as perguntas 10 e 11