Elvas sofre ainda de outras falhas: as versões sobre o número de rapazes, a parte do dia em que tudo teria acontecido, quem ia com quem, o local onde Carlos Silvino estacionava a carrinha, uns dizem que vinham a conversar pelo caminho o que é negado por outros - o Juiz Dr. Lopes Barata até chega a perguntar a um deles se aquilo era "um filme mudo", e mais grave, foram indicados nomes de alunos da Casa Pia (por aquelas duas testemunhas) cuja grande parte nunca foi ouvida e outros foram bem claros afirmando que nunca foram a Elvas ou a negar que  tivessem andado metidos em qualquer "esquema"!

Eu respondo em Elvas por um crime na pessoa de LD, outro na pessoa de IM e dois na pessoa de LM (o mesmos da Av das Forças Armadas)

-LD - a acusação afirma que foi no último trimestre de 1999 e início de 2000, a um sábado antes do Natal mas no INML ele diz que tinha cerca de 14 anos. Logo seria Setembro de 2000. E em julgamento diz que foi durante a semana porque passava os fins de semana no Lar.

Só fala no meu nome em Julho de 2003, ao 7º interrogatório.

LD

Localização temporal

Vai três vezes a Elvas em 1998/1999 ou 1999/2000. Em inquérito diz que foi ao sábado. Em julgamento sempre durante a semana e de manhã. (No livro de ponto não tem faltas em períodos que permitissem ir a Elvas)

Descrição do interior

Só recorda um quarto ao lado de uma sala. (os quartos são no piso de cima onde não há sala)

Desenho de fls. 35600 (feito em julgamento): Não tem nada a ver com a realidade- quando o processo for aqui divulgado poderá ver)

Com quem vai

Não recorda nenhum dos colegas.

Conhceu FG depois de mudar de Lar só em 2002 (a.j. 05/12/2005). Então como é que esteve com ele em Elvas em 1999 ou 2000? Mentiu em julgamento ou no inquérito? Ou das duas vezes?

Outras incongruências absolutas

Inexplicável facilidade com que identificou o caminho para Elvas em confronto com a dificuldade em encontrar a casa de Carlos Silvino, o que não joga com a dificuldade em descrever o interior da casa de Elvas e a facilidade em descrever o interior da casa de Carlos Silvino.

No INML, em Março de 2003, só identifica 1 arguido em Elvas. Diz: "Fui com um tipo que eu não conhecia nem sei o nome"

No INML, nunca identifica Carlos Cruz.

Em a.j. (29/11/2005), só identifica Hugo Marçal, Carlos Cruz, Gertrudes Nunes e Paulo Pedroso.

Mais tarde admite que não identificou Gertrudes Nunes (a.j. 30/11/2205).

Mais tarde afirma ter conhecido Jorge Ritto, do que depois duvida (a.j. 30/11/2005 e 05/12/2205).

Ao pai, inquirido a 02/07/2007, só recorda Jorge Ritto e Paulo Pedroso.

Em a.j. de 07/12/2005, diz que só ligou o nome de Carlos Cruz à pessoa do abusador quando viu o álbum de fotografias da PJ.

Na mesma data, diz que se recorda ter visto Carlos Cruz num anúncio da OK Tele-Seguro depois de ter falado na Policia Judiciária ou ter identificado Carlos Cruz no álbum das fotografias. Desde meados de 2002 só fiz publicidade do Banco Pinto e Sotto Mayor. Portanto é impossível ele ver-me em anúncios da Seguro Directo que ele chama de Ok-Teleseguro.

Na instrução, diz que só foi abusado pelo Carlos Silvino, Manuel Abrantes, Jorge Ritto e Paulo Pedroso; diz que nunca viu a arguida Gertrudes Nunes, mas ouviu uma voz feminina. Não fala em Carlos Cruz

Negação dos contactos telefónicos com FG (a.j. 05/12/2005 e 07/12/2005)

Antes de ter identificado no álbum de fotografias os abusadores da casa da Buraca  a ideia que tinha deles era apenas que eram feios e gordos (a.j. 07/12/2005). Não pede participação criminal contra Carlos Cruz (Abril de 2003)

OBS: a.j. significa audiência de julgamento. Logo que possível poderá ler aqui a transcrição de todas as declarações prestadas em Julgamento pelos assitentes e não só.

***

IM- ( A acusação afirma que foi entre Dezembro de 1999 e início de 2000 a um sábado)

O crime por que respondo: numa situação em que estariam juntos jovens e adultos, todos tocaram em todos

Em Julgamento:

Juíza Presidente - Para além do senhor Hugo Marçal, quem é que estava na sala?

IM - Estava o senhor Ferreira Diniz, estava o senhor Jorge Ritto e o senhor Carlos Cruz.

Juíza Presidente - A si, houve algum adulto que lhe tenha tocado nessa altura, na sala?

IM - Sim. Os adultos que estavam na sala que já referi também me tocaram.

Juíza Presidente - Todos eles, ou só algum?

IM - Todos eles.

 (...)

Juíza Presidente - E quando é que soube os nomes das pessoas?

IM - Pela televisão. Sabia-os identificar se os visse, mas não sabia os nomes e através da televisão é que soube os nomes.

Juíza Presidente - E quando soube os nomes pela televisão, o senhor já tinha ido alguma vez à Policia Judiciária? Prestar declarações?

IM - Já.

Mais uma vez está a mentir porque na primeira vez que foi à PJ (26 de Fevereiro de 2003) já tinha dito "também chegou a ver nessa vivenda o Carlos Cruz". Portanto não foi depois de ter ido à PJ. E em instrução tinha dito que soube o nome de Ritto, Ferreira Diniz e Hugo Marçal ainda em Elvas, quando reparou nos nomes pelos quais os arguidos se tratavam. Negou em audiência

Também faz em julgamento o desenho do interior da casa de Elvas. Não tem nada a ver com a realidade o que se poderá constatar quando aqui o publicarmos.

IM

Localização temporal

Refere cerca de 20 deslocações a Elvas, aos Sábados depois da hora do almoço. Em todas as ocasiões manteve contactos com o indivíduo da foto nº 7 (HM)

Descrição do interior

Desenho de fls. 35781 - recorda uma sala e um quarto, ficando o quarto em frente à sala. Completamente ERRADO. Os quartos são no piso de cima onde não há sala.

Com quem vai

Diz que foi a Elvas com JPL, FG e MP. Mas MP, em inquérito,  diz que não conhece nenhum FG.

Outras incongruências absolutas

22.04.04- Perante a Juíza de Instrução: fala de outros mas nunca fala do meu nome em local nenhum

Em instrução, diz que soube o nome de Ritto, Ferreira Diniz e Hugo Marçal ainda em Elvas, quando reparou nos nomes pelos quais os arguidos se tratavam, o que negou em audiência.

(...) no exterior da referida casa viu por duas ou três vezes em amena conversa o Carlos Cruz (mas eu não andava por lá em segredo? Punha-me à conversa cá fora para ser visto?)

Em julgamento diz que iam às Amoreiras comprar bilhetes de cinema ou apanhar do chão bilhetes  da sessão da tarde antes de irem para Elvas!

Ilidio Marques no INML em Março de 2003: só identifica Carlos Cruz e Ferreira Diniz. Mas não me acusa de nada

 

Na perícia psicológica (INML) - Agosto 2003- Diz sobre a casa de Elvas: "lá dentro tem tipo um hall de entrada, os quartos, dois ou três, uma sala". Ora os quartos são no piso de cima.
 - Não me acusa de qualquer acto

OBS: a.j. significa audiência de julgamento.

***

LM - Este é o rapaz pelo qual eu respondo por mais crimes: dois em Elvas e dois na Av das Forças Armadas. Sobre as Forças Armadas consultar a pergunta 11.

LM

Localização temporal

Quatro idas a Elvas entre um mês e meio antes do Verão de 2000 e o seu aniversário a 28 de Setembro 2000.

Idas ao fim de semana (acha que Domingo com saida às 10h/10h30m).

Descrição do interior

Desenhos de fls. 1116, 36168 e 36169 - não há separação entre o hall e a sala de entrada e a escada interior é a direito. A realidade é outra completamente diferente.

Acresce que LM, no Auto de Reconhecimento Polícial, identifica a moradia ao lado; em a.j. insiste que a moradia tem outras características, nomeadamente painéis solares grandes e pretos portanto diferentes dos da casa da D. Gertrudes Nunes.

Com quem vai

FG, JPL e IM

Outras incongruências absolutas

No  INML, em Março de 2003: em Elvas, não se lembra de nomes só de caras; isso durou até às férias de Verão de 2002. E diz também noutra perícia do INML: uma vez fui escolhido pelo Carlos Cruz...

OBS: a.j. significa audiência de julgamento.

***

MP - MP é um rapaz que andou envolvido com Michael Burridge juntamente com JPL. Durante esse Processo nunca falou em qualquer outro abusador. Na investigação estiveram pelo menos três inspectores que também investigaram a Casa Pia.

Chega a dizer que eu frequentava a casa dos pais (adoptivos) o que a mãe nega completamente.

Ao Portugal Diário negou que eu estivesse envolvido e numa entrevista à TV fala de abusos e de carros que identifica e nega o meu envolvimento.

Uma jornalista levou JPL de avião ao Porto para falar com MP. Depois desse encontro então referiu o meu nome mas, curiosamente, nega conhecer qualquer FG com quem JPL iria sempre a Elvas.

Em entrevista ao site www.portugaldiario.iol.pt

EXCLUSIVO:-Mário foi violado durante quatro anos, há muito pouco tempo. Contou à PJ. Sem resposta.

Mário P. tem hoje 20 anos. Entrou na Casa Pia com 13 e foi violado durante quatro anos, duas a três vezes por semana. Contou tudo ao Portugal Diário. Era o «Bibi» quem o levava, a ele e a mais dois ou três colegas. Há cerca de dois anos, foi chamado à Polícia Judiciária e contou tudo. Um dos homens que costumava estar no apartamento também. Mas nunca mais lhe disseram nada. (...)

Quanto a nomes, Mário diz não ter identificado o embaixador Ritto. E garante que, por razões profissionais, conhece o Carlos Cruz. «Ele nunca teve nada a ver com essas coisas»

MP

Localização temporal

Não consegue localizar as idas a Elvas mas foram muitas, não têm conta.

Diz em julgamento que na 1ª vez foi na carrinha até ao Campo Grande e estavam lá os arguidos. Dali seguiram todos para Elvas. Uma vez diz que foi comigo e com um sr. Mota mas voltou na carrinha. Noutra sessão diz que foi sempre na carrinha. E muitas das vezes era do campo Grande que seguiam todos juntos!

Era aos fins de semana e também aos dias de semana.

Descrição do interior

Não recorda o interior, lembra apenas que logo que se abria a  porta de entrada havia um corredor onde cabiam 3 pessoas lado a lado, não havia halle só depois quarto e sala. (Não é verdade) Não se recorda de escadas.

Não identifica o caminho para chegar à casa.

Com quem vai

JP e TM. TM nega fls. 6975 - relatório INML.

Diz à PJ em 23.04.03 que não conhece FG e em julgamento já diz que conhece. Não conhece IM, nem LD, nem LM nem PP. Mas IM disse que ia com ele e com JPL e FG!

Outras incongruências absolutas

MP confessa à D. Alcide (dona do restaurante que frequentava): "tocaram-me no ponto fraco... O dinheiro".

O processo Mike, o Portugal Diário (fls. 35128 a 35133), a TVI (DVD de fls 60689).

Contradição entre as declarações no processo Mike e em audiência de julgamento (a.j. 10/11/2005). Nega as próprias declarações que estão no Processo Mike onde afirmou que foi a primeira vez que teve relações com um homem. Só que diz agora que tudo se passou depois de ter sido abusado em Elvas!

Mais

Umas vezes diz que falou com a mãe antes de falar com jornalistas, outras diz que foi depois. Falou com pelo menos 4 jornalistas antes de falar com a PJ.

OBS: a.j. significa audiência de julgamento.

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PP -Finalmente, um outro assistente que diz que me viu em Elvas é PP. Não vale a pena tecer muitos comentários. Não respondo por nenhum crime cometido sobre ele mas fecha um grupo de sete que participaram mais activamente na construção da fabulação e fantasia acerca das idas a Elvas.

A sua imaginação vai ao ponto de dizer em julgamento que me conhecia do programa da "Vaca Mimosa", programa que eu não apresentei. Há uma vaca autêntica que apareceu uma única vez no 1.2.3 em 1984, isto é, dois anos antes dele nascer. Apresentei documentação comprovativa.

PP

Localização temporal

Não consegue fazer qualquer localização temporal das quatro vezes que afirma ter ido a Elvas.

Diz que foi ao Sábado à tarde.

Descrição do interior

Não recorda o interior da casa.

Não recorda o caminho para a casa.

Recorda uma casa com um só piso. A casa tem dois pisos

Com quem vai

FG e FJ

FJ nega (a.j. 02/05/2005).

Mais tarde, diz que só sabe que FJ foi abusado por Carlos Silvino (soube pelo FB - a.j. 15/02/2006).

Outras incongruências absolutas

Na casa de Elvas não havia carros (a.j 15/02/2006). Então as grandes bombas?

Identificou Carlos Cruz na casa de Elvas porque se lembrou do programa da "Vaca Mimosa" em que o Carlos Cruz falava com pessoas mascaradas de vaca. Uma vaquinha, parecia de peluche. (a.j. 16/02/2006) Ora a descrição é da "Filha da Cornélia" com Raul Solnado e Fialho Gouveia. Mas também começa por dizer que nunca esteve comigo cara a cara. E diz que não se lembra de mais programa nenhum, meu.

No INML, em Junho de 2003, identifica um vigilante como abusador, o que nega em a.j. 16/02/2006.

Ver ainda identificação fotográfica, quando publicar o Processo, fls. 3637 (foto 46) e a.j. 16/02/2006.

Pedro Pinho, em Instrução, trocou Manuel Abrantes por Carlos Cruz nos abusos de Xabregas e Monsanto dizendo que bem conhecia Carlos Cruz do programa "1,2,3".

OBS: a.j. significa audiência de julgamento.

Uma pequena amostra sobre os depoimentos deste jovem.

Audiência de Julgamento:

Juíza Presidente - Não se lembra. Sem prejuízo de dizer que não se lembra, encontra-se consignado nos autos declarações suas, prestadas no dia 26 (vinte e seis) de Abril de 2004 (dois mil e quatro), perante a Srª Drª Ana Teixeira e Silva, Juiz de Instrução. Este nome também não lhe diz nada, Ana Teixeira e Silva? Uma Srª Drª Juíza Ana Teixeira e Silva?

PP- Não. Não sei quem é.

Juíza Presidente - Também não. De acordo com o processo, o senhor prestou declarações perante essa Srª Drª Juíza e consta o seguinte, eu vou ler e depois vou-lhe pedir esclarecimentos. Consta que o senhor declarou "que foi abusado pelo Bibi uma vez, no parque de estacionamento de Xabregas. Esteve nesse parque mais uma vez, levado pelo Bibi e onde passou para um carro de alta cilindrada onde se encontrava o Carlos Cruz. Não se lembra para onde é que o Carlos Cruz o levou, mas depois voltou ao parque de estacionamento de Xabregas onde o deixou com o Bibi. O Carlos Cruz deu dinheiro ao Bibi para depois este pagar ao declarante, não se lembrando qual o montante." Lembra-se de ter prestado estas declarações?

PP- Não. Isso deve tar errado de certeza.

Juíza Presidente - Alguma vez o senhor declarou ter estado,

PP- Eu nunca

Juíza Presidente - ter sido abusado pelo Sr.

PP- Eu nunca disse isso.

Juíza Presidente - Nunca disse isto?... É impressionante.

 

Nota: o episódio de Xabregas é descrito por ele anteriormente como se tendo passado com outro arguido e não comigo.