A 6 de Novembro de 2006, a Jornalista da TVI, Rita Sousa Tavares em Tribunal:


Rita Sousa Tavares - Nomes fictícios, não me recordo. Recordo-me do JPL, com quem conversei de facto.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Com esse esteve pessoalmente?

Rita Sousa Tavares - Tive.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - E quantas vezes esteve com ele?

Rita Sousa Tavares - Ah quantas vezes é que estive com ele pessoalmente? Uma

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Uma?

Rita Sousa Tavares - Encontrei-me com ele pessoalmente uma vez,

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Uma vez?

Rita Sousa Tavares - Na Redacção.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Foi dessa vez

Rita Sousa Tavares - Viu-o outras vezes dentro da redacção, sim.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Viu-o outras vezes na redacção mas não falou com ele, pelo menos não estabeleceu nenhum diálogo? (imperceptível) de circunstâncias.

Rita Sousa Tavares - Não nenhum. Absolutamente nenhum. Absolutamente nenhum. Eu tive com ele... vou esperar que me interrogue.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Então vamos ver a vez em que diz que esteve com ele portanto suponho que portanto conversou com ele


Rita Sousa Tavares - A vez que estive com ele foi a vez que fui a Elvas, com o JPL, para fazer levantamento de imagens.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Sim

Rita Sousa Tavares - Não me recordo da data, recordo-me que foi algures em Janeiro de 2002. 2002 não. 2003.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - 2003.

Rita Sousa Tavares - 2003. Como dizia fomos fazer o levantamento de imagens. Precisávamos de imagens e foi aí que estive com ele.

Rita Sousa Tavares - Eu estava ao lado dele e atrás estava o JPL que nos ia dando indicações assim que entramos em Elvas. Indicações vagas porque eu recordo-me que ele também não tinha muita noção. Apontou-nos a casa ao fim de algumas dúvidas, esperei que ele me apontasse. Isso era trabalho do camera, não era meu. Eu aí estive calada.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Ao fim...Teve algumas duvidas em indica-la?

Rita Sousa Tavares - Teve com certeza que teve. Teve algumas dúvidas mas naturais, não? Não querendo com isto dizer absolutamente nada, como é óbvio.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Pronto. Portanto, teve dúvidas, teve dúvidas em chegar ao local? Portanto andaram um bocado às voltas antes de chegar ao local?

Rita Sousa Tavares - Andámos às voltas. Eram ruas muito parecidas umas com as outras. Não me recordo se eram casas geminadas. Eu lembro-me que eram casas, tinham um jardinzinho à frente e deviam ter dois andares. Casas de, eu sei lá, aquelas típicas casas da década de 50/60. Eram ruas parecidas e ele andou ali muito baralhado. Eu... nós pedimos-lhe: "JPL se sabes onde é a casa que descreves? Por favor aponta." E ele tentou de alguma forma fazê-lo. E viemos a filmar a casa que ele apontou.


Dr. Ricardo Sá Fernandes - Portanto, ele teve dúvidas entre aquela rua e as outras ruas ao lado? Andaram por aquelas ruas? Como é que foi? Faço-lhe um apelo à sua memória porque é importante.

Rita Sousa Tavares - Eu percebo que seja importante, Ele teve dúvidas. Ele sabia.... As casas eram todas parecidas, realmente. Se fosse comigo. Se eu tivesse visto aquela casa, nas circunstâncias em que ele descrevia que já a tinha visto provavelmente também me iria baralhar. Eu não fiz nenhum esforço para que ele se lembrasse.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Sim senhora.

Rita Sousa Tavares - Aliás, nós fomos dar à rua por indicação dele, não foi de mais ninguém. Foi um bocadinho às apalpadelas.


Dr. Ricardo Sá Fernandes
- Não foi à primeira. Portanto, quer isto dizer que passaram por várias outras ruas para além daquela. Com ele a tentar localizar a ver se via a casa.

Rita Sousa Tavares - Não. Não, sim. Passamos por uma ou outra rua que eram ruas paralelas. Portanto nós estávamos era a tentar a rua certa da casa em questão.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Portanto, não foi noutra zona da cidade? Foi naquela zona

Rita Sousa Tavares - Foi naquela mesma zona onde a casa se encontrava.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Foi naquela zona e nessa zona percorreram várias ruas que eram parecidas umas com as outras, é isso?

Rita Sousa Tavares - Sim.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Teve dúvidas na rua. O cameraman fez filmagens da casa?


Rita Sousa Tavares - Fez.

Dr. Ricardo Sá Fernandes - Sim senhora. Porque é que essas imagens, dessa casa, que vocês fizeram, depois não foi para o ar?

Rita Sousa Tavares - Da casa que filmámos, da alegada casa? Olhe, não faço ideia. Não faço ideia.

Juíza Presidente - Sabe se não foram para o ar?

Rita Sousa Tavares - Não, não sei. Nem sabia que nunca tinham ido para o ar, quer dizer, eu, eu, como lhe disse participava, fazíamos parte de uma equipa. Eu nessa altura, nunca cheguei a fazer nenhuma peça da Casa Pia, nunca dei voz a nenhuma peça, nunca escrevi nenhuma peça.

***

Dr. José Maria Martins - E ele explicou-lhes antes de chegarem a Elvas por onde é que costumava entrar para aquela casa?

Rita Sousa Tavares - Essa conversa aconteceu de facto na altura em que estávamos a tentar encontrar a casa. Não fomos o caminho todo a falar sobre isso, não.

Dr. José Maria Martins - Mas antes de chegar a Elvas?

Rita Sousa Tavares - Quando chegámos a Elvas, ele tentou nos explicar mais ou menos. Eu recordo-me que ele tinha dificuldades. Ele explicava essa dificuldade porque... lembro-me de dizer que tinha ido lá de noite.

Dr. José Maria Martins - De noite?


Rita Sousa Tavares - De noite.

Dr. José Maria Martins - Pela madrugada ou já?

Rita Sousa Tavares - Não sei. Lembro-me dele ter usado a expressão "de noite" e o que justificava alguma dificuldade que ele teve inicialmente a encontrar a rua.


Dr. José Maria Martins - Lembra-se dele ter dito essa questão "de noite"?

Rita Sousa Tavares - Lembro-me. Lembro-me.

Dr. José Maria Martins - Mas tem a certeza que ele disse que lá foi de noite?

Rita Sousa Tavares - Eu tenho a certeza que ele disse, que referiu, que fez referencia à noite.

Dr. José Maria Martins - À noite quê?

Rita Sousa Tavares - À noite, à hora, à hora do dia em que lá tinha ido. Ser de noite.

Dr. José Maria Martins - Ser noite quando lá foi?

Rita Sousa Tavares - O que dificultava o acesso