Comunicação Social > Correio da Manhã e Crime com Mota

 

Mais uma chamada de 1ª página alardeava no Correio da Manhã do dia 17 deste mês que foi provado crime comigo e Carlos Mota porque este me teria conduzido com JPL "a uma casa de Cascais".

Vejamos o que disse em tribunal JPL (transcrição da gravação das audiências) para tentar descobrir a "ressonância da verdade" a que alude o documento do Colectivo de Juízes.

O negro em certas palavras é de minha autoria.

Sobre quando me conheceu:

 

JPL - Srª Drª, a primeira vez que eu vi o Sr. Carlos Cruz, o Sr. Carlos Pereira Cruz, apresentador de televisão, foi nas traseiras da Casa Pia, onde fui à casa de Santo Amaro.  

 

Posteriormente passa a afirmar que a primeira vez que me teria visto seria na praia de Santo Amaro e depois chega a afirmar que afinal teria sido em Elvas.

Sobre o episódio diz:

Juíza Presidente - E foram...  

JPL - A pé até à praia. Entretanto, já lá "tava" o Sr. Jorge Ritto.  

Juíza Presidente - Atravessaram alguma, alguma estrada, ou não? Ou é...?  

JPL - Tem um túnel, Srª Drª Juíza. Entretanto, o Sr. Jorge Ritto já se encontrava nessa praia, onde o Sr. Carlos Cruz se dirigiu a ele, e eu vi uma coisa brilhar. Quando o Sr. Carlos Cruz se aproximou na minha direcção, vi que o Sr. Carlos Cruz transportava umas chaves, supostamente, do condomínio do Sr. Jorge Ritto. Dirigimo-nos, então, de novo, à viatura e onde fomos em direcção ao apartamento do Sr. Jorge Ritto, que sei que situa-se em Cascais, não conseguindo referir a este Tribunal o sítio em concreto.  

Juíza Presidente - Sim. Mas oh Sr. JPL, nesta vez em que diz que foi à praia de Santo Amaro, já tinha ido a Elvas?  

JPL - Não, Srª Drª Juíza.  

Juíza Presidente - Pronto. E diz que dessa vez foi a primeira vez, de acordo com o que há pouco referiu, foi a primeira vez que viu o Sr. Carlos Cruz?  

JPL - Exactamente, Srª Drª Juíza.  

Juíza Presidente - E o que eu lhe estou a perguntar é: nessa praia de Santo Amaro, em que diz que viu um senhor que diz que era o Sr. Jorge Ritto... Perguntei-lhe se já tinha visto este senhor antes, e disse-me que...?  

JPL - Foi a primeira vez que o vi, naquela praia.  

Juíza Presidente - Depois eu perguntei-lhe: quando é que soube o nome deste senhor que se chamava Jorge Ritto?  

JPL - Srª Drª, como é normal, eu vi a cara da pessoa e não sabia o nome. Ahn... quando isso, o processo "arrebentou", que foi o, o Sr. Carlos Silvino o primeiro a ser detido e depois vieram-se a surgir os outros nomes, eu vim a descobrir que afinal o nome do senhor, do senhor que eu nomeei na praia era o nome Jorge Ritto. Ahn...  

Quando questionado onde teria sido a primeira vez que afinal me tinha conhecido:

Juíza Presidente - (...) quando é que tinha sido a primeira vez que se tinha encontrado com o Sr. Carlos Pereira Cruz, o senhor referiu - eu não tenho essa forma tão fidedigna como o Sr. Dr. - referiu Elvas. No entanto, em declarações posteriores, e nas que tem, nas que tem vindo a prestar, refere, no que diz respeito ao Sr. Carlos Pereira Cruz, a seguir ao Sr. Carlos Silvino, refere essa situação da praia de Santo Amaro, ir lá atrás, preceptor fininho, junto ao Instituto Jacob Pereira. Quer esclarecer esta discrepância do que disse primeiro, ou eventual discrepância, divergência entre o que disse primeiro e o que disse depois? E quer confirmar qual foi a primeira vez que se encontrou com o Sr. Carlos Pereira Cruz?  

JPL - Srª Drª, nós fomos a vários sítios. É... normal eu ter confundido a primeira vez com a segunda vez.  

Dr. Sá Fernandes - Então, gostaria de, que o senhor assistente, dissesse ao Tribunal porque é que, provavelmente, a resposta é equivalente, mas eu tenho que fazer a pergunta, porque é que da primeira vez que se referiu a estes factos, colocou a ida a, ao jardim Zoológico e ao estúdio da Feira Popular, antes da ida a Oeiras?  

Juíza Presidente - Pode esclarecer, Sr. JPL.  

JPL - Srª Drª, ahn... posso ter feito confusão com os dias, misturado as coisas. Mas, tenho a minha consciência tranquila em que tudo o que eu falei é verdade. Posso é ter feito confusão.  

Dr. Sá Fernandes - Estou esclarecido Srª Drª. E a ida à casa das Forças Armadas? Foi antes de Elvas? Ou depois de Elvas?  

Juíza Presidente - Pode esclarecer, Sr. JPL.  

JPL - Foi antes, Srª Drª.  

Dr. Sá Fernandes - Então, todos os encontros que teve com o Sr. Carlos Cruz... que não foram em Elvas, foram antes de Elvas?  

Juíza Presidente - Pode esclarecer, Sr. JPL.  

JPL - Sim, Srª Drª Juíza.  

Portanto coloca todos os eventuais crimes antes das alegadas idas a Elvas:

 

Dr. Sá Fernandes - E... no último dia que cá esteve, a instâncias do Dr. Joaquim Moreira referiu que... a primeira vez que foi a Elvas era, era pequenino, tinha sete, oito anos. Confirma isso?  

Juíza Presidente - Disse que era pequenino. Foi-lhe perguntado o que é que queria dizer em idade. Referiu até aos oito anos. O pequenino, para ele, será até aos oito anos, para o assistente.  

Dr. Sá Fernandes - Portanto, confirma isto que disse?  

JPL - Confirmo sim, Srª Drª.  

Juíza Presidente - Pode responder.  

Dr. Sá Fernandes - Quer isto então dizer que as idas com o Sr. Carlos Cruz à Feira Popular, a Santo Amaro e à casa das Forças Armadas, foram antes de o senhor ter oito anos?  

JPL - Sim. 

 

Uma Nota minha: segundo a Acusação e com eco na Comunicação Social, o tal "crime com o Carlos Mota" teria sido entre 1996 e 1997. JPL teria então 12 ou 13 anos. Não lembrar a idade certa é compreensível mas não com a diferença entre 7/8 anos e 12/13.

Mas em relação a Santo Amaro, vejamos o que disse a Drª Catalina Pestana

Juiz Presidente

Casa de Cascais, ouviu se houve associação a alguém dessa casa?

Maria Catalina Batalha Pestana

Sim, Sr.ª Doutora houve.

Juiz Presidente

O que é que ele [Francisco Guerra] lhe disse em relação a essa casa?

Maria Catalina Batalha Pestana

Disse que essa casa pertencia, ao Sr. Embaixador Jorge Ritto.

Juiz Presidente

Disse-lhe alguma coisa mais? Ou a Sr.ª Provedora perguntou-lhe alguma coisa porque é que ele dizia isso? Ou ... ou como é que ele sabia isso?

Maria Catalina Batalha Pestana

Disse sim, Sr.ª Doutora. Disse que uma vez, tinha ido com o Sr. Carlos Silvino à zona do Estoril ao pé da praia, e que aí se encontraram com o Sr. Carlos Cruz e com o Sr. Embaixador e que o Sr. Embaixador terá dado a chave de casa de Cascais ao Sr. Carlos Cruz e que depois terão ido para essa casa?

Juiz Presidente

Quem é que foi para essa casa? De acordo com o que lhe foi relatado por Francisco Guerra?

Maria Catalina Batalha Pestana

Não me lembro. O Francisco disse que tinha ido.

 

E agora Francisco Guerra:

Juíza Presidente - A Srª Drª Catalina Pestana, quando esteve aqui em Tribunal, relatou factos que terão sido contados pelo senhor e em que faz referência um encontro numa praia... na zona do Estoril. Factos relacionados com o Sr. Jorge Ritto. Lembra-se, esta referência que eu estou a fazer, lembra-lhe alguma coisa?  

Francisco Guerra - Srª Drª, nunca contei nada disso à Dr.ª Catalina.  

Juíza Presidente - Nunca referiu à Srª Drª Catalina Pestana, ter ido com o Sr. Carlos Silvino à zona do Estoril, ao pé da praia?  

Francisco Guerra - Não, Srª Drª.  

Juíza Presidente - Terem-se encontrado com o Sr. Carlos Cruz... com o Sr. Jorge Ritto?  

Francisco Guerra - Não, Srª Drª. Porque, uma coisa é eu não me lembrar, mas disso sei porque isso não aconteceu. Portanto, eu não disse isso à Dr.ª Catalina Pestana.  

Quem está aqui a mentir? JPL, Francisco Guerra, a Drª Catalina? Francisco Guerra era o melhor amigo de JPL.

Mas... afinal o que tinha dito JPL à PJ, no Inquérito, o tal inquérito que o Ministério Público não deixou ler em Julgamento?

Fls 656 do Processo (interrogatório na PJ- 20.01.03):

JPL: Era assim: quando o Carlos Cruz se encontrava com o depoente no Campo Pequeno. Levava-o na  sua viatura para Cascais. Não se lembra da viatura dele, mas seria um carro parecido ao Mercedes.. Ali chegados o Carlos Cruz conversava com esse "embaixador de Cascais", este entregava-lhe a chave de casa e saia..

 

Aqui afinal os encontros eram no Campo Pequeno... portanto a primeira vez que me teria visto já não seria nas traseiras da Casa Pia, na praia de Santo Amaro, nem em Elvas.

Mas e a Acusação do MP e o Despacho de Prtonúncia, o que é que dizem?

 

Fls 20.911 da Pronúncia

5.2.5 - Em data em concreto não determinada, entre Outubro de 1996 e Outubro de 1997, o arguido Carlos Silvino levou o menor JPL, então com 12/13 anos de idade, ao Campo Pequeno, em Lisboa, onde o aguardava o arguido Carlos Cruz. Este arguido havia contactado previamente com o arguido Carlos Silvino a quem pedira que lhe levasse um menor da CPL para com ele ter práticas sexuais. Chegados ao Campo Pequeno, o menor JPL entrou no veículo onde estava o arguido Carlos Cruz e foi transportado até Cascais, a uma casa de que o arguido Jorge Ritto tinha a disponibilidade.

Logo que o arguido Carlos Cruz chegou, acompanhado pelo menor o arguido Jorge Ritto, depois de ter falado por breves momentos com o primeiro, entregou ao mesmo a chave da sua residência e saiu.

 

Afinal não é nas traseiras da Casa Pia mas sim no Campo Pequeno, não existe Santo Amaro de Oeiras (que ele bem conhecia devido ao seu envolvimento com Michael Burridge), não existe Carlos Mota., não há objecto a brilhar. Afinal Jorge Rito também não entregaria as referidas chaves na praia mas sim no próprio apartamento. Pura e simplesmente, como é uma história inventada, já se tinha esquecido do que tinha dito à PJ e em Tribunal agarrou-se a um sítio que conhecia bem, Santo Amaro de Oeiras.

 

Dr. Sá Fernandes - Onde é que o Mike os ia buscar?  

Juíza Presidente - Esse senhor, ia buscá-lo a algum sítio?  

JPL - Como eu, eu quando ia a casa do Sr. Mike, era sempre levado pelo MP, visto que este já conhecia o local da habitação do senhor. Por vezes, íamos à... encontrávamos esse senhor na estação dos barcos, do Cais do Sodré. E outras vezes o MP levava-me, directamente, à casa do senhor, que ficava em frente da praia de Santo Amaro.  

Esta "prova" foi mais uma das alterações que o Tribunal resolveu fazer passando, sem fundamentação, o Campo Pequeno para as traseiras da Casa Pia.

JPL é um dos jovens a quem o Tribunal atribui meia credibilidade. Estes depoimentos, como os filmes de Elvas, como outros pormnenores que divulgarei, falam por si.

Não há nenhuma chamada feita por mim para Jorge RItto ou Carlos Silvino ou Francisco Guerra. Não há nenhuma chamada feita por eles para mim. Só a palavra de JPL refrente à casa do embaixador Jorge Ritto que não viveu em Cascais entre 1986 e 2001.

Como é que um cidadão se defende e prova a sua inocência contra o argumento da "ressonância da verdade" aplicado a metade do depoimento?

Resumindo: 900 testemunhas, testemunhos contraditórios e incoerentes dos assistentes e de Carlos Silvino, alteração de datas não comunicada, ausência de exame às chamadas telefónicas, datas imprecisas, desvalorização de milhares de documentos indiscutíveis, pré convicção, sentença meramente subjectiva, TOTAL AUSÊNCIA DE PROVA.