Processual > A Origem

O Processo que originou o mega-processo onde me encontro envolvido nasceu em Agosto de 2001 motivado por uma queixa-crime feita pela mãe de um rapaz da Casa Pia contra um funcionário da Instituição.

O rapaz, que ficou a ser conhecido na imprensa como 'Joel', tinha sido enviado para a Casa Pia com nove anos, a seguir ao falecimento do pai.

Carlos Silvino dava-lhe comida, doces, roupas e dinheiro. A mãe começou por encorajar este relacionamento. Mas, em Agosto de 2001, Joel, cujo nome verdadeiro é Fábio Cruz, disse à mãe que Silvino tinha abusado dele durante um fim-de-semana em que ambos foram a um casamento no Alentejo.

A mãe queixou-se do abuso e em consequência Silvino foi passado à reforma na sequência de Inquérito Interno da Casa Pia de Lisboa.

Paralelamente decorreu na Policia Judiciária uma investigação que demorou cerca de um ano e três meses.

O processo de Carlos Silvino foi investigado por uma inspectora com 20 anos de experiência na área de crime de abusos sexuais contra menores.

Foram ouvidas cerca de 15 pessoas até à data da sua prisão.

Quando é emitido o mandado de captura contra Carlos Silvino,  ele tinha sido ouvido pela Policia Judiciária, confrontado com as acusações que lhe eram imputadas e havia também tomado conhecimento de que havia sido constituído arguido.

No dia 23 de Novembro de 2002, dois dias antes ser preso, é publicado no jornal Expresso o artigo de Felícia Cabrita que de imediato captou a atenção de toda a gente em Portugal.

Segundo esta notícia Carlos Silvino, funcionário da Casa Pia de Lisboa, abusaria de crianças no interior da Casa Pia há mais de 20 anos com total impunidade embora já tivesse sido denunciado uma série de vezes. Este artigo referia ainda que estes abusos teriam sido já denunciados nos anos 80 à então Secretária de Estado da Família, Teresa Costa Macedo.

Dois dia depois do artigo do Expresso Carlos Silvino é preso à porta do escritório da sua primeira advogada, Edviges Ribeiro, associada de Pedro Namora.

Foi levado a um Juiz e confrontado com os nomes dos seus acusadores e todos os outros elementos básicos de uma acusação (quem, quando, como e onde).

O mega-processo Casa Pia, onde respondo, nasceu nesse dia, 25 de Novembro de 2002, na sequência de uma série de notícias da comunicação social e por decisão da então Coordenadora de Investigação Criminal (CIC) da segunda secção da Policia Judiciária de Lisboa, Dra. Rosa Mota.

 

 

É assim: o mais mediático processo de Portugal nasceu na sequência de uma serie de notícias da comunicação social.