Questões > 05 - Mas então as contas no Brasil, os vídeos, as escutas, as fotografias?

Era preciso formar na opinião pública a convicção da minha culpabilidade. Fala-se em escutas, vigilâncias, imagens e vídeos. Não há no Processo uma única escuta, nem um único vídeo, nem qualquer fotografia, nem nenhum relatório de qualquer vigilância processo sobre mim. Aliás a falsidade destas notícias foi confirmada em tribunal pelos seus autores mas os jornalistas não revelaram as fontes.

Correio da Manhã de 7 de Fevereiro: "clima infernal arrasa Carlos Cruz e Bibi, o apresentador já nem sai da cela, Carlos Silvino sovado à chegada foi transferido" ... é tudo falso; o Expresso de 8 de Fevereiro: "escutas e vigilância dos suspeitos foram decisivas"...não houve escutas nem vigilâncias a Carlos Cruz; "Contradições perigosas, Carlos Cruz, Dinis, e Marçal foram apanhados em contradição",... como é possível ser apanhado em contradição se não fui ouvido sobre nada de concreto?... O Diário de Noticias de 9 de Fevereiro diz: "Escutas foram fulcrais"

Tentou-se também criar um mito de fuga enviando para a Comunicação Social falsas notícias como por exemplo que eu tinha transferido todo o meu dinheiro para o Brasil (Público) e que estava numa lista de pedófilos do FBI (Diário de Notícias). Os jornalistas publicaram. Também nestes casos a falsidade das notícias foi reconhecida mas os seus autores recusaram-se a revelar as "fontes".

Pelas célebres cassetes do Octávio Lopes sabe-se quem eram algumas das fontes. Era preciso preencher uma história que estava a ser inventada e qualquer argumento servia. E alguns jornalistas prestaram-se a isso, possivelmente de boa fé. E chegou-se ao surrealismo: uma pessoa altamente responsável da equipa de investigação disse a um jornalista (e eu ouvi essa gravação) que era possível o Herman José ir ao Rio de Janeiro, voltar a Lisboa, abusar de um rapaz dentro de um carro e voltar para o Rio de Janeiro tudo no mesmo dia!